Autoria: Leo Bahiense
Editora: Fino Traço Editora
ISBN: 9788580544978
Páginas: 428
Publicação: 2022 1º Edição
Encadernação: Brochura
Sinopse
Em seu livro, Leo Bahiense conta uma história detalhada da Guerra do Paraguai, através das lancetas, bisturis e teorias médicas. Na narrativa, aprofunda os antecedentes da medicina militar do Brasil, como a formação do corpo de saúde do exército, sem deixar de lado a circulação de conhecimentos e experiências médicas em guerras anteriores. Brinda o leitor com a história política brasileira e regional do século XIX, sem deixar de esmiuçar a guerra em si. O produto final é uma história médica, cirúrgica e sanitária de fôlego.
Em oposição às histórias progressistas da ciência, o autor opta pelas epistemologias do sul e narra dilemas, contradições, conflitos (com os pacientes e entre médicos) e descasos, como na história do Asilo de Inválidos da Pátria. Transita pelas distintas técnicas cirúrgicas, substâncias anestésicas (clorofórmio, sobretudo) e instrumentos usados nas amputações, tendo como pano de fundo o tétano e as gangrenas. Os tipos de hospitais mobilizados na beligerância são analisados também por suas limitações, insalubridades, conflitos de gestão, falta de medicamentos e de pessoal qualificado – muitos estudantes de medicina foram mobilizados. Epidemias agravaram a frente de batalha, especialmente a de cólera que, em 1867, vitimou muitos oficiais e militares de baixa patente.
Diante disso, Leo propôs um “nó neo-hipocrático” que combinou racismo, teorias hipocráticas e miasmas no combate à cólera. Se a contaminação pela água já circulava, a escolha dos médicos por fogueiras – uma estratégia de combate à quadra epidêmica - exemplifica bem a complexidade do período. O autor ressalta ainda a precária alimentação dos soldados e combatentes libertos para relacioná-la às mortes por cólera (papel da menor acidez estomacal) e por beribéri.
Por fim, o leitor é presenteado com uma rica reflexão sobre a de população paraguaia. Finda a última página, nota-se um livro sobre a Guerra da Tríplice Aliança que combina especialização (doutorado na Fiocruz) e erudição com uma interessante crítica de colonial.
Sumário
Agradecimentos
Apresentação
Prefácio
Prólogo
Capítulo 1
Lancetas e bisturis em movimento (I)
A dor como espetáculo: o drama de Júlio José das Chagas
Saberes exógenos: arquétipos teóricos dos doutores militares brasileiros
Amputações primitivas ou secundárias?
Capítulo 2
Lancetas e bisturis em movimento (II)
Corpos estranhos em organismos vivos
Riachuelo: selvageria em águas platinas
A cirurgia como esfera de negociação e conflito
Anestesia e assepsia
O mundo das gangrenas e do tétano
Ferimentos no rosto e na cabeça
‘Temos negros para isso!’: médicos e o desprezo pelo trabalho manual
O olvidamento dos veteranos
Capítulo 3
Em luta contra a agonia: a reforma do corpo de saúde do exército
Medicina e compadrio: a trajetória do dr. Abreu
Os médicos do exército e as grandes epidemias dos anos de 1850
Âncoras sociais: a corporação médico-militar e seus adversários
A campanha pela reforma: projetos e desafios
Capítulo 4
Nó neo-hipocrático: hospitais militares nacionais em cenários conflagrados
Tipologias hospitalares
Império da desordem: corrupção e insalubridade nos estabelecimentos médico-militares
Nascimento e morte dos hospitais militares
Estética da comoção: hospitais de sangue, ambulâncias e a batalha de esteiro Bellaco
Capítulo 5
Microconflitualidades: médicos militares, oficiais de combate e outros personagens
Major Lima e seus desafetos
Major Detsi e seus desafetos
Gramática do desamparo: dr. Vieira, microconflitos e ressentimentos
Estudantes sob fogo
Guerra de palavras: médicos, enfermeiros e demais contendores
Angelicais enfermeiras
Outras microconflitualidades: o caso dos farmacêuticos
Capítulo 6
Fortuna infausta: epidemias, voluntários da pátria e a Retirada da Laguna
Invasão ao Mato Grosso
Intempéries, fome, deserções
O beribéri e seus enigmas
A cor da morte é azul: a cólera no sertão
“Cenas de desumanidade”: o mal de Ganges em Corrientes
O pássaro da morte voa para Corrientes
Tramas do desvivido
A tragédia da população correntina
Boatos, tensões, conspirações
Cólera asiática, cólera inglesa e coléricos de pele preta
Epílogo
Fontes e Bibliografia
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