Organizadores: Eduardo de Assis Duarte
ISBN: 978-85-8054-675-0
Páginas: 244
Publicação: 2024
Encadernação: Brochura
Explorando os marcadores sociais de diferença – de classe, de gênero e de etnicidade –, e mostrando como tais conceitos e suas intersecções estão presentes em todo o trabalho amadiano, e não exclusivamente em uma obra ou outra, Eduardo de Assis Duarte renova na análise e interpretação deste escritor, por tanto tempo um best seller no Brasil e no exterior. Um autor que virou intérprete do país ao girar o eixo para a Bahia e incluir temáticas, registros e regiões que até então escapavam à representação hegemônica do país. O livro aborda a trajetória do cidadão e do escritor e destaca importância de seus romances para a “democratização da leitura” e consequente “formação de um público leitor” para a literatura brasileira.
O ensaísta nos oferece, com o seu novo livro, um belo e potente retrato – aliás, muitos retratos – das belezas, vicissitudes e dificuldades de ser Amado. Além do mais, renova as análises deste escritor, que é um clássico brasileiro, justamente, porque nunca cessa de se reinventar.
EIS O NARRADOR LEITOR DE SEU PAÍS
Indiferente ao passinho cauteloso que ainda rodeia Jorge Amado (1912-2001) há décadas, Eduardo de Assis Duarte supera o reducionismo crítico e sugere uma leitura trifásica do romancista. Isto é: uma abordagem que contemple o trinômioclasse, gênero e etnicidade em diálogo nesse universo ficcional.
De saída, essa proposta se converte em acréscimo crítico, porque uma tradição monocórdica se conforma em taxar de bidimensional esse grapiúna da cidade grande: ora apóstolo, ora fanfarrão. De imediato, a triangulação acima rompe com o aperto dessa canaleta maniqueísta. É no sentido de dissolver esta dualidade simplória que se encaminha a reflexão de EAD.
Salvo engano, esta é a primeira tentativa de encarar o autor de Gabriela, cravo e canela (1958) como o mesmo escritor, sem pejo, dos três volumes de Subterrâneos da liberdade (1954). Nessa escolha resoluta, que troca o dever pelo prazer, Gabriela libera-se e seduz seu narrador. Animado, Jorge copia a personagem, que se escafedeu da secura sertaneja em busca de alternativas tentadoras e arriscadas. Bem na linha do It’s now or never!, súmula da vaga libertária que eclodiu, com gosto, nos anos 60.
Depois da quitação de recibo ideológica, cresce o narrador leitor dos novos tempos. Com Gabriela, Jorge dá um salto indisfarçável e aposta novas fichas em sua carreira, então já consolidada. E o humor por vezes sarcástico que se lê nos apuros de Gabriela, presente também em seus romances depois de 1958, vai conviver com a representação da mulher segura de si, agora como protagonista decidida.
Para dar conta dessa ação desenfreada, simultânea e múltipla só mesmo um narrador poroso e elástico, que faz pouco dos limites inventados pelo bom mocismo da narrativa didática, acachapada por outras regras que não as polifônicas.
É esse universo fervilhante e simultaneísta que Eduardo de Assis Duarte contempla, compreende e nos apresenta.
Com bastante sucesso, diga-se de passagem.
Antonio Dimas
IEB/USP
Sumário
Sobre grandes e pequenos detalhes da arte de ser Amado
Lilia Moritz Schwarcz
Apresentação
O TEMPO E O PAÍS – O ESCRITOR E SEUS LEITORES
1. Morte e vida de Jorge Amado
Desafios: realidade, ficção, utopia(s)
2. O Companheiro de Viagem
Punhos cerrados, mãos dadas
Romance, infância, repressão
A hora da crônica
Militância e exílio
NOVOS TEMPOS - NOVAS HISTÓRIAS
3. Nas barricadas do prazer
Gabriela: protagonismo feminino na revolução de costumes
Dona Flor: nas encruzilhadas da nova mulher.
Tereza Batista – a mulher entre objeto e sujeito
Tieta do Agreste – a condição feminina em ritmo de folhetim
4. No Arquipélago negro brasileiro
Preâmbulo
Morte e vida de Quincas Berro d’água
Exu, Ogum e seus compadres
Na Tenda do Archanjo-Ojuobá: protagonismo negro e crioulização
Conclusão entre aspas
Referências
Produzimos livros elaborados com cuidado e publicados com profissionalismo, atendendo ao público acadêmico. Além disso, temos a Tracinho / Traço Jovem: um selo infanto-juvenil destinado às crianças e jovens.