Autora: Giselle Sakamoto Souza Vianna
ISBN: 9788580545524
Páginas: 422
Publicação: 2023
Encadernação: Brochura
Prefácio
Em 28 de julho de 2022, mais de 300 trabalhadores escravizados foram resgatados no Brasil. O que explica essa horripilante persistência no Brasil?
Dois elementos são estruturantes e causais desse processo. O primeiro está presente na escravização que se implantou aqui desde a época colonial e que se arrasta como praga: quando se pensa que foi extirpada, ela ressurge e se propaga.
Mas é imperioso dizer também que, na era atual da escravidão digital e da uberização, o capitalismo da destruição, ao resgatar formas de superexploração do trabalho que remetem à protoforma do capitalismo, oferece a impulsão que perpetua a escravidão.
Seja no Norte, do que é exemplo o trabalho imigrante global; seja no Sul, onde informalidade, desemprego e intermitência ajudam a camuflá-la, seja nos grotões da indústria, onde muitas vezes encontramos o trabalho escravizado na base da produção de grandes marcas, seja no agronegócio, onde predação ambiental e depredação do trabalho se mostram como o indiscreto charme da nossa burguesia.
Ser e não ser livre: a morfologia do trabalho escravo contemporâneo em Mato Grosso, de Giselle Vianna, nos oferece uma ampla contribuição aos estudos sobre a escravidão contemporânea, ajudando a descortinar essa chaga que persiste em nosso país.
Apresentada como Tese de Doutorado no Programa de Sociologia no IFCH/UNICAMP, Ser e não ser livre: a morfologia do trabalho escravo contemporâneo em Mato Grosso apresenta os meandros dessa dura realidade, mostrando como liberdade e escravização estão imbricadas e entrelaçadas em uma das regiões mais importantes do agronegócio no Brasil.
Ricardo Antunes
Sumário
Agradecimentos........................................................................... 7
Prefácio..................................................................................... 11
Apresentação............................................................................. 15
Introdução ................................................................................ 19
Nota Metodológica.......................................................................................... 25
Metodologia na pesquisa documental......................................................... 26
Metodologia na pesquisa de campo............................................................ 30
A assimetria da escravidão e as formas de entrevistar............................. 31
Capítulo 1
A escravização do sujeito livre..................................................... 39
1.1. Escravidão como questão de desigualdade e exploração................ 39
1.2. Trabalho livre e trabalho escravo ......................................................... 45
1.3. Liberdade de contratação e vulnerabilidade social: os pilares da escravização neoliberal 66
1.3.1. A liberdade de contratar..................................................................... 71
1.3.2. A vulnerabilidade social....................................................................... 75
1.3.3. Pilares do trabalho escravo contemporâneo: algumas hipóteses...... 82
1.4. O trabalho escravo no ordenamento jurídico brasileiro................... 90
1.4.1. Norma jurídica, relação jurídica e relação social................................ 90
1.4.2. A luta por reconhecimento da existência de trabalho escravo no Brasil e a construção de políticas voltadas à sua erradicação............................................................................ 94
1.4.3. Disputas em torno do conceito jurídico de “trabalho análogo ao de escravo” no Brasil 101
Capítulo 2
A morfologia do trabalho escravo contemporâneo em Mato Grosso 117
2.1. Da nova ocupação ao agronegócio: transformações de um território em conflito 122
2.1.1. A reocupação recente de Mato Grosso............................................ 122
2.1.2. Transformações na economia de Mato Grosso e contexto global... 137
2.1.3. As novas formas de escravização em Mato Grosso na virada para o século XXI 154
2.2. Os dados sobre trabalho escravo em Mato Grosso entre o fim do século XX e o início do século XXI..................................................................................................................... 160
2.2.1. Elementos caracterizadores do trabalho escravo contemporâneo e os dados das fiscalizações em Mato Grosso.......................................................................................................... 162
2.2.2. Outras nuances da morfologia do trabalho escravo......................... 214
2.3. Novas dinâmicas de exploração da terra e do trabalho................. 239
2.3.1. Violência e escravização em Mato Grosso........................................ 239
2.3.2. Novas nuances do cativeiro da terra................................................. 257
2.3.3. Desemprego, reestruturação produtiva e novos cativeiros do trabalho 264
Capítulo 3
Novas violências e novas sobrevivências .................................... 271
3.1. Exaustão e degradação da vida........................................................... 273
3.1.2. Vulneráveis e descartáveis: os trabalhadores e os novos padrões de adoecimento 286
3.1.3. Saúde, sofrimento e trabalho escravo: lutas em torno da vida........ 293
3.1.4. Interpelação e exploração: os limites negociados do corpo............. 302
3.2. Desigualdade e distância social........................................................... 304
3.2.1. Racismo e naturalização da indignidade........................................... 304
3.2.2. Discriminação nas relações de trabalho............................................ 313
3.2.3. A invisibilização dos explorados: as vítimas fora dos dados oficiais. 328
3.2.4. Subcontratação, intermediação e a erosão de responsabilidades patronais 343
3.3. Ser e não ser livre: dinâmicas de mobilização e imobilização dos trabalhadores 352
3.3.1. Ambivalências do sujeito livre........................................................... 353
3.3.2. Livre para vir e para ir........................................................................ 358
3.3.3. Do fugir ao “não aguentar”............................................................... 364
3.3.4. Liberdade, perigo e medo: a sobrevivência calculada...................... 374
3.4. Para além da liberdade formal............................................................ 378
Conclusões............................................................................... 387
Bibliografia.............................................................................. 396
Posfácio................................................................................... 417
Referências bibliográficas.......................................................... 421
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